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Arrebatamento: Secreto ou não?

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O ensino do arrebatamento secreto parece ser bastante popular entre grande parte de seguidores de igrejas evangélicas no mundo. No Brasil, não há pesquisas sobre crenças religiosas que possam reforçar esse conceito. Mas uma verificação realizada pelo Pew Research com alguns líderes evangélicos mundiais sinaliza para uma vasta aceitação desse tipo de crença.

Em 2011 foi publicado um relatório com resultado de uma avaliação que ouviu a opinião de líderes de vários continentes, dos quais 74% estavam empregados por igrejas ou organizações religiosas, e 51% eram ministros ordenados. Pelo menos 61% dos participantes da pesquisa afirmaram que acreditam no arrebatamento da igreja antes da chamada grande tribulação, deixando os não crentes em sofrimento na Terra. A doutrina consiste na ideia de que a segunda vinda de Jesus terá duas fases. A primeira, em que ocorreria um suposto arrebatamento secreto em que muitas pessoas (salvas) desapareceriam subitamente. E, ainda de acordo com essa ideia de origem dispensacionalista (leia mais aqui e aqui sobre dispensacionalismo e suas implicações), depois disso Jesus voltaria com os arrebatados para reinar sobre a Terra durante mil anos.

O tema tem voltado a ganhar força nos últimos anos por conta de algumas produções cinematográficas (como o filme Apocalipse, de 2014) e da recente telenovela chamada Apocalipse, veiculada por uma das grandes emissoras de TV aberta brasileira, em que a abordagem ocorre novamente. Teólogos adventistas são unânimes em explicar que, apesar de popular, a crença no arrebatamento não possui base bíblica. O teólogo e arqueólogo Rodrigo Silva, apresentador do programa Evidências, da TV Novo Tempo, e colunista do Portal Adventista, fala do assunto em um vídeo. “Essa não é uma doutrina claramente encontrada na Bíblia. Desde que o apóstolo João escreveu o Apocalipse, até o ano de 1830, ninguém jamais falou dela. Tivemos 1.800 anos de cristianismo sem ninguém sequer ouvisse falar do tal arrebatamento secreto”, afirma Silva.

Outro teólogo, Samuel Bachiochi, em artigo intitulado Arrebatamento secreto: fato ou ficção?, comenta que “a crença de que a Igreja será arrebatada súbita e secretamente antes da grande e final tribulação é conhecida como pré-tribulacionismo. Sua origem é em geral identificada por volta dos anos da década iniciada em 1830. John N. Darby, pregador anglicano que se tornou fundador dos Irmãos de Plymouth”.

O teólogo e professor do Centro Universitário Adventista de São Paulo, Vanderlei Dorneles, diz que essas correntes de interpretação deslocam as profecias de Daniel e Apocalipse para o fim dos tempos, fazendo parecer que elas nada podem revelar acerca da história, mas somente daquele período. “Isso foi feito para desviar o foco do poder religioso apóstata da Idade Média, revelado na figura do “chifre pequeno” (conforme Daniel 7) e da “besta” tipo-leopardo (de Apocalipse capítulo 13), visões aplicadas a esse poder desde os grandes reformadores”, assegura.

Visão bíblica

Rodrigo Silva explicou, no vídeo divulgado nesta semana, que o termo arrebatado, mencionado por Paulo em I Tessalonicenses 4:17 não tem nenhuma relação com algo secreto. Vanderlei Dorneles esclarece que, em Apocalipse 1:7, é dito que, quando Jesus se manifestar em Sua segunda vinda, “todo olho o verá”. Ele argumenta que não haverá qualquer separação entre as pessoas antes da vinda de Cristo. “Apocalipse 6:16 diz que, no momento de sua manifestação em glória, os ímpios todos vão sucumbir, ficarão tão aterrorizados que desejarão eles mesmos a morte. Mas há uma pergunta que se levanta: No “dia da ira” de Deus, “quem poderá subsistir?” (Apocalipse 6:17). Então a resposta vem no capítulo 7 e versículo 14: O grupo dos salvos vivos por ocasião da volta de Cristo são apresentados como aqueles que “vieram da grande tribulação”. Ou seja, os salvos são arrebatados ao Céu ao final da grande tribulação e não antes dela”, explica.

Dorneles explica, ainda, que o próprio Jesus dá suficiente informação a respeito do arrebatamento. Citando o texto dos evangelhos, como Mateus 24:29-31 e 25: 31-33, o teólogo afirma que “a separação entre os bons e os maus ocorrerá só no momento da Sua vinda, não havendo qualquer margem para um grupo arrebatado antes do outro.”

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